segunda-feira, 24 de junho de 2013

Laelia anceps "selmadoc"

 







1ª Floração Junho 2013

A planta da foto é uma Laelia anceps, originária do México e Guatemala, ganhei ano passado de uma amiga, veio exatamente como está na foto, amarrada num pedaço e madeira.
Como as outras, vegeta em clima de altitude e sua adubação é quase nenhuma, apenas uma almofadinha com adubo pendurada no alto, quando chove o adubo escorre nas raízes.
O processo de floração é muito lento, a haste cresce infinitamente até que de sua ponta se lançam as flores.
As flores da foto são perfeitas, ficaram um pouco prejudicadas pela ineficiência da fotografa.
Um pouco sobre ela:


Nome correntemente aceito: Laelia anceps.
Autores: John Lindley.
Data da publicação: 1835.
Sinônimos: Amalia anceps, Cattleya anceps, Bletia anceps, Laelia barkeriana, Laelia dawsonii, Laelia hallidayana, Laelia sanderiana, Laelia schroederae, Laelia schroederiana.
Origem: México e Guatemala.
Habitat: epífita em matas tropicais abertas.
Altitude: 500 a 1.500 metros.
Quantidade de espécies neste gênero: cerca de 20.
Espécies similares: nenhuma.
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Interessante:

Tendo em vista que as or­quídeas de nossas espéci­es nativas, mais comuns florescem na primavera (Cattleya intermedia, Laelia purpurata), é muito natural que o co­lecionador busque espécies cujo pe­ríodo floral seja o outono e inverno, para evitar aqueles tristes perío­dos sem flores no orquidário. Digo triste porque é assim que me sinto quando entro no orquidário e não vejo nenhuma flor. Felizmente há muitos anos isso não ocorre. Basta uma dú­zia de plantas de algumas espé­cies selecionadas e você terá flo­res durante o ano inteiro. Uma das minhas preferidas para o pe­ríodo outono-inverno é justamen­te uma espécie conhecida por sua resistência ao frio: a Laelia anceps, a mais conhecida e co­lecionada das Laelias mexicanas (as outras são: Laelia albida, Laelia autumnalis, Laela goudiana, Laelia furfuracea, Laelia superbiens, Laelia speciosa, Laelia bancalarii e Laelia rubescens). A Laelia anceps é também uma das mais fáceis de cultivar.

Possuindo clones de boa for­ma e. grande variedade de colo­rido, é de se estranhar que não seja mais colecionada. Imagino que a causa seja a falta de oferta de plan­tas de qualidade à venda. Poucas são também as ofertas de "seedlings" e meristemas no mercado nacional. Fica aqui o desafio aos produtores nacionais para que trabalhem mais com a Laelia anceps.

O clima nas regiões do México onde a Laelia anceps vegeta, é se­melhante ao clima dos estados do Sul do Brasil, com o verão quente e chu­voso e inverno frio e seco na maior parte do tempo. Isso explica a facili­dade de cultivo dessa espécie no Sul do Brasil.

No México a Laelia anceps ocor­re ao Sul do país, desde a costa les­te, no Golfo do México, até a costa oeste, no Pacifico.

A Laelia anceps possui apro­ximadamente o seguinte regime de crescimento: após o período de des­canso da floração, na primavera e verão surgem novos brotos que cres­cem com o calor e as chuvas dessas estações.

Assim que o tempo começa a es­friar, as hastes florais começam a crescer e são um espetáculo à parte pois algumas plantas possuem has­tes com até um metro de comprimen­to fazendo concorrência em ta­manho com as Phalaenopsis. O comprimento da haste floral de­pende do clone e do estado cul­tural da planta, variando bastan­te, mas quase sempre ao redor de 60 cm.
Entre o fim do outono e co­meço do inverno, as flores, em número de 1 a 5 em cada haste floral, começam a abrir, fornecen­do um lindo espetáculo, balan­çando com a menor brisa. Após a floração a planta entra em pe­ríodo de repouso e reinicia-se o ciclo.

As flores da Laelia anceps variam de 6 a 12 cm de tama­nho, possuindo de modo geral boa armação (pétalas e sépalas no mesmo plano).

As sépalas variam de 1 a 2 cm de largura enquanto as péta­las podem chegar até 4 cm nos melhores clones. O labelo enco­bre a coluna e varia de 1 a 2 cm de largura.

Quanto ao colorido, temos a va­riedade alba, com pétalas e sépalas brancas e labelo também branco mas com uma mancha amarela pe­netrando o tubo. Existe uma grande variedade de flores, descritas na li­teratura, em que as diferenças são a quantidade, o tamanho e a cor das veias que penetram o labelo, enquan­to o resto da flor é de cor branca.

Quer nos parecer que sejam to­das albas, mas o orquidófilo exigen­te pode pesquisar na literatura reco­mendada.

Da mesma forma, ocorre com a variedade semi-alba (pétalas e sépalas brancas e labelo colorido). Há uma grande quantidade de des­crições de plantas cuja única diferen­ça é a quantidade e posição da cor lilás no labelo. Varia de uma leve mancha lilás pequena até todo o labelo púrpura escuro. Do mesmo modo, quer nos parecer que são to­das semi-albas. Um bom exemplo é a conhecida Laelia anceps semi-alba "Sanderiana" .

A cor predominante da Laelia anceps é o lilás que define a varie­dade "tipo", apresentando-se do li­lás claro até o mais escuro. Uma das melhores é a poliplóide "Mendenhall". O orquidário Carter & Holmes, dos EUA, fez uma autofecundação dessa planta que produziu flores espetaculares! Nós possuímos quatro clones desse cruzamento, todos de alta qualidade. Aqui são mostradas a “Lapurpurata” e a “Bárbara”.

Existe também uma variedade rosada em que pétalas, sépalas e labelo são rosa suave.

A variedade cerúlea (ou caerulea) possui pétalas e sépalas brancas ou levemente azuladas e labelo azulado, no conhecido tom cerúleo. É uma belíssima variedade e apareceu a poucos anos em culti­vo. Felizmente já existem alguns clones à venda o que possibilita cru­zamentos interessantes. Um dos mais belos clones dessa variedade chama-se "Elizabeth Eyes", home­nagem à cor dos olhos da atriz Elizabeth Taylor.

Uma autofecundação desse clone produziu as melhores cerúleas conhecidas. Uma delas é a nossa “Jaqueline”.

Uma outra variedade (na verda­de só conheço uma planta) é a cha­mada var. roeblingeana, uma flor pelórica que corresponde a nossa Cattleya intermedia var. aquinii. É uma planta muito bonita que possui as pétalas transformadas em Iabelo (trilabelo) e cujo potencial para cru­zamentos é enorme, permitindo a produção de novas variedades.

Por último, a variedade que con­sidero a mais bela e perfeita sob o ponto de vista de orquidófilo: a variedade flâmea. Ela possui pétalas de cor li­lás e sépalas no mesmo tom, mas o colorido vai ficando mais forte em direção ao ápice das pétalas dando um efeito dramático.

Em 1993, Soto Arenas, orquidólogo mexicano, propôs uma nova classificação da Laelia anceps, baseada nas diferenças en­tre as plantas do lado do Golfo do México e aquelas do lado do Pacífico.

As plantas da costa leste foram denominadas Laelias anceps subespécie anceps e as da costa oeste Laelias anceps subespécie dawsonii. A subespécie dawsonii foi dividida em duas: a forma dawsonii e a forma chilapensis. A subespécie anceps é a mais conhecida com flo­res comuns em forma e colorido. Grande sensação mesmo são as plantas das subespécies dawsonii e chilapensis. Na primeira estão as mais belas semi-albas, com pétalas largas e redondas de branco puro e Iabelo colorido. A segunda, chilapensis, descoberta no estado de Guerreiro, possui plantas espetacu­lares, flâmeas, redondas, de excep­cional beleza.

Com o aparecimento de clones poliplóides e das "Guerreiro", como são mais conhecidas as chilapensis, abriu-se um caminho muito promis­sor para cruzamentos, visando a obtenção de plantas de novas varie­dades e de qualidade superior. Uma vantagem adicional da Laelia anceps, é a facilidade no cultivo de "seedlings", já que se desenvolvem com grande facilidade e crescem muito bem no nosso clima. Temos feito diversos cruzamentos e estamos muito satisfeitos com a rapidez com que as plantas se desenvolvem. Em breve estaremos mostrando os resul­tados que, temos certeza, serão dos melhores.


Bibliografia consultada e recomendada:
  1. Halbinger, Federico. 1993. Laelias de Mexico. Asociacion Mexicana de
  2. Orquideologia. Mexico D.F. MEXICO.
  3. Bechel, Paul G. 1990. The Laelias of Mexico. AOS Bulletin Dec. 1990. Flo­rida - USA.
  4. Croker, Gene. 1990. Desirable Polyployd Laelia anceps From Tissue-cultured Populations. AOS Bulletin Dec. 1990. Florida - USA
  5. Rose, James. 1987. Laelia anceps ­The Real Treasure of the Sierra Ma­dre. AOS Bulletin Dec. 1987. Florida - USA.
  6. Stewart, Joyce. 1987. Early 'Varieties' of Laelia anceps.. AOS Bulletin Dec. 1987. Florida - USA.
  7. Diversos. 1990. Awards Quarterly vol. 21. AOS Bulletin 1990. Florida – USA

Carlos Gomes
Floripa-1997

 capturado na internet http://nossasorquideas.blogspot.com.br/2008/06/laelia-anceps.html em 18.06.13


 

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