Pedra Brita
Carvão
Esfagno
Turfa
Casca de Pinus
Fibra de Coco
A dúvida sobre qual o melhor substrato para o cultivo das orquídeas é um questionamento frequente em nosso cultivo.
Eu particularmente gosto da brita e casca de pinus, mas não descarto o esfagno para algumas plantas, e nem o carvão.
Por também sentir muitas dúvidas fui em busca de novidades sobre o assunto, tendo encontrado um trabalho acadêmico realizado no ano de 2010, sobre substratos para cultivo, que considero de excelente qualidade.
Inicialmente agradeço aos autores Rafael Piovesan e Carolina Amaral Tavares por terem autorizado a publicação.
Rafael Piovesan (rfpiovesan@hotmail.com
Carolina Amaral Tavares da Silva Engenheira Agrônoma, M.Sc., Doutoranda em Agronomia/PGA (Produção Vegetal) UEM - Universidade Estadual de Maringá - karoltavares@yahoo.com.br
Avaliação de substratos para o cultivo de orquídeas
Resumo:
Substratos são compostos orgânicos de origem vegetal que visam suprir as necessidades
vitais da planta, tendo também função de suporte para a mesma.
Este trabalho teve
como objetivo verificar o desenvolvimento de orquídeas em substratos (turfa e
pedra, esfagno e carvão, acícula de pinus e o xaxim) no desenvolvimento do
sistema radicular da orquídea Laelia tenebrosa.
O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco
repetições. Durante o período que as plantas foram observadas nenhuma delas
apresentou alguma restrição quanto aos substratos testados, e ao termino do experimento
concluiu-se que qualquer um dos substratos em estudos pode substituir o xaxim.
Introdução
A família Orchidaceae é uma das
mais importantes do reino vegetal, compreendendo cerca de 35.000 anos. A
espécie de orquídea Laelia tenebrosa (Rolfe) Rolfe é composta por três sépalas
e pétalas (porém uma diferenciada, constituindo o labelo) e uma coluna, que
aloja os elementos reprodutores (Campos, 2002).
De maneira geral as orquídeas
compartilham caracteristicas exclusivas marcantes. São plantas herbáceas
perenes, terrestres, rupicolas ou epifitas, rizomatosas ou caulescentes,freqüentemente
com pseudobulbos, as vezes trepadeiras. Folhas alternas, raramente opostas ou
verticiladas, simples, inteiras, elipticas, ovadas ou lineares, mais ou menos
suculentas ou coriáceas, em pequeno número, as vezes ausentes. Flores isoladas
ou inflorescências em panículas, racemos ou espigas. Flores hermafroditas, raramente
unissexuais, zigomorfas. Perigônio corolino, composto por seis tépalas, as três
externas pouco diferenciadas entre si, sendo que das três internas, duas são
iguais e a outra, mediana, chamado labelo, é mais desenvolvida e diferente; o
labelo pode ser lobado, frenjado, com esporao ou parcialmente soldado a coluna
(Vidal e Vidal, 2000).
O fato de as orquídeas serem
perenes, ou seja, permanentes, não requerem uma renovação muito grande e rápida
para garantir sua existência em nosso planeta. Quando cultivada pelo homem, o
qual consegue, através da utilização de métodos assimbióticos e,assim, criar
uma atmosfera quase perfeita para o desenvolvimento das plantas, cada semente possui
grandes chances de germinar (Renda e Gutfreund,1991).
Em sua maioria, orquídeas não
toleram quantidades excessivas de nutrientes e água em demasia, mas geralmente
gostam da presença de substrato rico e úmido. Por este motivo, os vasos jamais
devem ficar sobre pratinhos que retém água, sob pena de intoxicar as raízes e matar
a planta.
O substrato mais conhecido e
utilizado com maior freqüência no cultivo de orquídeas sempre foi o xaxim
(DICKSONIA sellowiana) devido sua capacidade de promover um excelente meio de
sobrevivência para as orquídeas, pois proporciona para o sistema radicular, a
aeração perfeita e uma concentração ideal de nutrientes, que ficam agregados
por mais tempo nele (Neves, 2008).
Devido o xaxim estar na lista de
espécies de plantas em perigo de extinção, autoridades ambientais brasileiras
estão adotando medidas para inibir a utilização dos derivados do mesmo. No
Brasil, desde janeiro de 2003, colocou-se em prática uma lei que proíbe a
comercialização de qualquer produto feito de xaxim. Outros países também estão seguindo
este caminho e, daqui a um tempo, os tão comuns vasos e placas desse material tendem
a rarear no mercado. Como o xaxim é o substrato mais usado para orquídeas, cultivadores
de todo o Brasil estão testando alternativas para substituí-lo (Neves, 2008).
Existem certos pré-requisitos
para um substrato substituir com eficiência o xaxim, como reter bem os
nutrientes depois de cada adubação para liberá-lo aos poucos; ser facilmente
encontrado no mercado; não possuir substâncias que sejam tóxicas para a planta;
sustentar a planta com firmeza; permitir boa aeração para raízes; reter água na
quantidade ideal, sem encharcar, manter o pH equilibrado; durar de 2 a 3 anos,
pelo menos (Neves, 2008).
Como é difícil encontrar uma
opção que reúna todas estas características, a solução é unir um substrato que
retenha muita umidade com outro que retenha pouca umidade. Assim, é mais fácil
produzir um equilíbrio para a planta. Alguns substratos podem ser hoje
utilizados como opção para substituir o xaxim, porém ainda não há muitos estudos
que comprovem a qualidade dos mesmos para o melhor desenvolvimento de
orquídeas.
O carvão comum, igual ao de
churrasqueira, sempre deve ser novo, pois os que já foram usados prejudicam a
planta. Apresenta como vantagens sua ótima utilização em clima úmido. Já em
locais de clima seco, deve ser acompanhado de outro substrato que retenha umidade
e como desvantagens, necessita de adubações mais freqüentes. É muito leve, não segura
a planta e, em razão de sua porosidade, tende a acumular sais minerais. Por
isso,
precisa
de regas freqüentes com água pura. O carvão vegetal muitas vezes é fabricado a
partir do corte de árvores de matas naturais, o que incentiva a devastação de
florestas. Por último, o manuseio do carvão suja as mãos. (Neves, 2008)
Segundo Neves (2008), a casca de
Pinus é a casca da árvore da espécie Pinus elliotti, como vantagens é fácil de
ser encontrado e retém adubo e desvantagens, possui excesso de tanino e se
decompõe muito rápido. Também quebra com facilidade e não fixa bem a planta no
vaso, necessitando para isso de um tutor.
A pedra brita, também utilizada
em construções, é facilmente encontrada e ajuda no enraizamento das plantas,
porém retém sais dos adubos e queimam as pontas das raízes de algumas espécies.
Por esse fato, o recomendado é que seja utilizada em conjunto com outro substrato,
o que garante um melhor desenvolvimento radicular das espécies.
O esfagno é um musgo retirado da
beira dos rios, usado para cultivar mudas de orquídeas a partir de sementes.
Apesar de ser encontrado em lojas especializadas, sua coleta é proibida pelo
IBAMA e ainda não há cultivadores desse tipo de substrato no Brasil (Neves,2008)
A turfa é um material de origem
vegetal, parcialmente decomposto, encontrado em camadas, geralmente em regiões
pantanosas e também sobre montanhas (turfa de altitude). É formada
principalmente por Sphagnum (esfagno, grupo de musgos) e Hypnum, mas também de
juncos, árvores, etc. Sob condições geológicas adequadas, transformam-se em
carvão,através de emanações de metano vindo das profundezas da e preservação em
ambiente anóxico.
Dentro do exposto, o presente
trabalho objetivou avaliar substratos para o cultivo de orquídeas.
Material
e Métodos
O experimento foi conduzido em
casa de vegetação, no orquidário de propriedade de Dona Eliza Schimdt,
localizado na Linha Pérola Independente na cidade de Maripá - PR, no período de
maio a outubro de 2008. Coordenadas geográficas são 53º44’00.24” Oeste e 24º30’27.41”Sul
e 322 metros de altitude.
As orquídeas utilizadas foram da
espécie Laelia tenebrosa, cultivadas sobre bancadas em vasos plásticos. As
plantas foram selecionadas contendo tamanhos semelhantes, as raízes foram
cortadas com aproximadamente 2 cm de comprimento, com tesoura esterilizada e acondicionadas
nos vasos com o substrato.
O delineamento experimental foi o
inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições. Os
tratamentos foram compostos pelos substratos, turfa e pedra, esfagno e carvão,
acícula de pinus e o xaxim.
Os substratos foram selecionados
e lavados com água corrente, para retirada de impurezas presentes nos mesmos.
Após a lavagem os substratos foram depositados nos vasos para servirem de
suporte e fonte de sobrevivência para as orquídeas.
As análises estatísticas foram
realizadas através do programa estatístico Sisvar. A comparação entre as médias
dos tratamentos foi realizada com a aplicação do teste de Tukey, ao nível de 5%
de probabilidade.
Resultados
e Discussão
Os dados referentes às avaliações
dos substratos para o cultivo de orquídeas, indicando que não houve diferença
estatística ao nível de 5% de significância entre os tratamentos analisados.
As orquídeas cultivadas
apresentaram sistema radicular vigoroso e abundante, indicando que o esfágno,
turfas, casca de pinus, carvão e pedra brita, proporciona boa aeração às raízes
de Laelia tenebrosa. Segundo Demattê e Demattê (1996), os substratos que não possuem
uma boa aeração tendem a limitar o desenvolvimento radicular.
Assis et al. (2008) realizaram um
estudo envolvendo cultivo de orquídeas com substrato a base de coco, e
verificaram que em relação à parte aérea, o crescimento das mudas cultivadas
nos substratos de coco em pó e na mistura de coco desfibrado + coco em pó foi semelhante
ao das cultivadas em xaxim indicando o potencial desses substratos em substituição
ao xaxim.
É importante salientar, que não
foram observados sintomas de ataque de doenças, pragas e deficiências
nutricionais até a data das avaliações, demonstrando que os substratos utilizados
foram eficientes em nutrir e estabelecer as plantas nas condições testadas.
Além disso, houve 100% de sobrevivência dessas orquídeas, independente do
substrato utilizado.
Conclusão
Os
substratos avaliados em substituição do xaxim, não causaram alterações no desenvolvimento
radicular das orquídeas, assim todos podem ser utilizados para produção de orquídeas.
Referências
ASSIS,
A. M.; FARIA, R. T.; UNEMOTO, L. K.; COLOMBO, L. A. Cultivo de Oncidium baueri Lindley
(Orchidaceae) em substratos a base de coco. Ciência e agrotecnologia, Lavras,
v.32, n.3, p. 981-985, 2008.
CAMPOS,
D.M. Orquídeas: Micropropagação e quimioterapia de meristemas. Rio de Janeiro:
Expressão e Cultura, 2002.
DEMATTÊ,
J.B.; DEMATTÊ, M.E.S.P. Estudos hídricos com substratos vegetais para o cultivo
de orquídeas epífitas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 31, n.
11, p. 803-808, 1996.
NEVES,
J. P. Muito além do xaxim. Disponível em <http://www.aorquidea.com.br/arq19.html>
Acesso em 14 out. 2008.
RENDA,
P.; GUTFREUND, S. Revista Coisas de Jardim Especial, São Paulo: Canaã,1991.
VIDAL, W. N.;
VIDAL, M. R. R. Taxonomia Vegetal. Viçosa: UFV, 2000.
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